domingo, 10 de fevereiro de 2008

Clarice, clarear

Clarice, Clarear – o leitor de si mesmo em Clarice Lispector, de autoria de Márcia Meira Basto, aborda a questão da identidade, interpretando os romances A Hora da estrela, A Paixão segundo G.H e Sopro de vida (pulsações), para mostrar como a ficção pode “clarear”aquilo que somos ao revelar o “outro”do leitor.

No dizer de Fátima Quintas, que prefaciou o ensaio, Márcia perscruta uma Clarice ao sabor do olhar filosófico, denso, labiríntico, amplo em perspectivas através de um estudo riquíssimo em associações de idéias que vão de um vasculhamento interior à circularidade de uma visão ontológica — algo espiralado que parte da angústia goethiana aos apelos de um cotidiano aparentemente rotineiro.

Criando cortes e recortes, aclives e declives, sinuosidades e trilhas paralelas a autora empreende uma busca vertical, desde o menor detalhe à profunda imensidão do que se chama existência. Em todo o decurso do texto borbulha o lirismo de Márcia Basto, de modo a confundir a procedência da escritura — Clarice ou Márcia?